Essa presença dará visibilidade suficiente para atrair patrocinadores, que permita um desenvolvimento sustentado da modalidade.
Nada vai ser igual e os clubes portugueses têm de se preparar para ceder jogadores às selecções e ao mesmo tempo competirem nos campeonatos nacionais. É assim nos países em que o rugby tem expressão (todos os das 6 e das 3 Nações) e também naqueles que estão em franco desenvolvimento (Argentina), as selecções jogam e os campeonatos nacionais não param.
Os clubes que têm mais jogadores internacionais são os mais prejudicados nos resultados desportivos imediatos (vidé Direito, Belenenses e Agronomia na Taça de Portugal), mas por outro lado é criado espaço para os mais jovens, que estariam eternamente tapados pelos internacionais aparecerem, crescerem e afirmarem-se como jogadores. Por outro lado, os clubes que têm mais jogadores internacionais são normalmente os que têm melhores escolas e plantéis mais numerosos pelo que a prazo irão colher frutos do seu trabalho.
Desta forma existirá uma renovação permanente de jogadores em quantidade suficiente para aumentar a qualidade do rugby nacional (ou pelo menos manter). Sem essa renovação a selecção depende do aparecimento de grupos de jogadores de excepção (comos actuais Lobos) que quando deixam de jogar criam um vazio que pode voltar a atirar Portugal para a Segunda Divisão Europeia, com o consequente desinteresse que esse facto vai causar nos praticantes.
Se pretendem o desenvolvimento sério da modalidade – então a selecção não pode condicionar as competições nacionais, e os clubes não podem querer ter os jogadores na selecção e que eles participem em todas as competições nacionais, provocando o descontrolo dos calendários, com jogos a meio da semana, sem público, sem condições (iluminação péssima em todos os campos) e que vão afugentar os poucos patrocinadores que investem no rugby.
Se a FPR e os Clubes continuarem a insistirem nesta desorganização estão a fazer uma opção, Portugal assume-se como o campeão do amadorismo, do rugby cor de rosa, que já estivemos em 15º no ranking do IRB, agora somos 21º e daqui a uns anos seremos 55º, mas continuaremos a ser bestiais porque os nossos jogadores são uns heróis, amadores sem condições de trabalho, etc., é o eterno discurso do coitadinho.
Estas divagações vêm a propósito do adiamento do jogo da 1ª jornada do Campeonato Nacional – Divisão de Honra, entre o CDUL e o Belenenses, a pedido do clube de Belém e imposto pela FPR ao CDUL e que propõe a realização do jogo em data a meio da semana nomeadamente 13/14 (quarta/quinta feira) de Dezembro
Refere a FPR que em reunião com os Clubes que teve lugar em 26 de Junho foi acordado que só poderiam ser convocados, para o Circuito de Sevens do IRB, até um máximo de 3 jogadores por Clube, para que os jogos do Campeonato Nacional se realizassem normalmente nas datas/jornadas previstas. Surpreendentemente, é ignorada esta decisão e o Belenenses tem 5 jogadores (o CDUL tem 2), na Selecção Nacional de Sevens que está no Dubai e depois vai para George.
Alega a FPR que foi por causa de lesões. Mas não haverá mais jogadores capazes de representarem condignamente Portugal sem ter de recorrer ao Belenenses? Esta confusão também acontece porque a Direcção do Belenenses consentiu ceder mais de 3 jogadores, ninguém os obrigou a tomarem essa decisão.
Esquece-se a FPR de referir que nessa mesma reunião também foi acordado entre a FPR e os Clubes que iriam disputar o Campeonato Nacional da Divisão de Honra que a FPR não adiaria qualquer jogo desta competição sem o acordo prévio dos clubes intervenientes. Mais uma vez a decisão é ignorada e instala-se a confusão.
É um estilo organizacional que me dispenso de etiquetar … e que também era dispensável do rugby.