quarta-feira, dezembro 29, 2010

e se eles param?


Mau prenúncio para o ano que se avizinha o comunicado emitido pela ANAR. Os árbitros sempre foram discretos nas suas reinvidicações, mas percebe-se que desta vez não sejam. Árbitros com 2.000€ por receber é totalmente inaceitável.

Na semana passada estive no jantar de Natal da FPR e este tema foi abordado. Pelo que percebi a FPR estava à espera de uma remessa da IRB para regularizar esta situação.

Infelizmente, estes problemas são cada vez mais comuns nas empresas portuguesas e normalmente o que se faz é distribuir o mal pelas aldeias, isto é, todos (administrativos, técnicos, etc.) sofrem um pequeno (ou grande) corte nas suas retribuições, mas todos recebem alguma coisa. Pelo conteúdo da comunicação não me parece que seja isso que esteja a ser feito entre os árbitros e relativamente ao restante staff da FPR não faço a miníma idéia.

A carta da ANAR é publicada na íntegra e ficam os votos para que este problema seja solucionado o mais rapidamente possível, pois sem árbitros é que não há mesmo rugby.

Exmo. Senhor
Presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Rugby

Vimos, através deste comunicado, expor a situação infra, para a qual agradecemos a V. melhor atenção.

Desde o início da presente época, tem-se verificado um incumprimento reiterado dos pagamentos de prémios e despesas incorridas pelos árbitros de rugby, em jogos para os quais foram oficialmente nomeados.

Cumpre referir, que existem inclusivamente situações de pagamentos em atraso que já remontam ao final da época passada, ascendendo, em alguns casos, montantes individuais em dívida superiores a 2.000 euros. e que, de acordo com a estimativa adiantada pelo próprio Presidente da F.P.R., o total desta dívida já ascenderá a 20.000 euros.

Neste âmbito, a ANAR aproveita a oportunidade para relembrar que, de acordo com o procedimento instituído, cabe aos árbitros o adiantamento de todas as despesas inerentes à sua comparência aos jogos, nomeadamente:

1. Despesas de deslocação (combustível, portagens, etc.);
2. Alimentação;
3. Estadia (para viagens superiores a 600km).

Ao longo de toda a presente época desportiva, que teve início em Setembro, os árbitros têm vindo a suportar inteiramente todas as despesas através do seu orçamento pessoal, com claro prejuízo para os próprios e para as respectivas famílias.

Assim, a ANAR manifesta a sua profunda preocupação, na medida em que vários árbitros, senão mesmo a maioria, se encontram com sérias dificuldades de assegurar mais despesas relacionadas com jogos a realizar no futuro, o que poderá pôr em causa a sua presença nos jogos, com o prejuízo, que é justo reconhecer, não apenas para os agentes desportivos e clubes envolvidos mas para o rugby português, tido em geral.

Nesta conformidade, foram já empreendidas diversas diligências com o intuito da rápida resolução da questão em apreço, como é aliás do conhecimento de V.Exa.

Todos os esforços revelaram-se, até ao momento, infrutíferos.

Assim, porque sempre pautámos a nossa conduta numa lógica de cooperação institucional, baseada numa relação de boa-fé com as demais instituições desportivas e administrativas, nomeadamente a FPR, solicitamos a célere liquidação de todos os pagamentos em falta, a todos os árbitros.

Sem outro assunto, de momento, apresentamos respeitosamente os nossos melhores cumprimentos,

Tiago Sousa e Silva
Presidente da Direcção da ANAR