A ARS apresentou o calendário para o ano desportivo que se inicia e nele vem uma alteração do sistema de competição no escalão SUB 14, no período de Outubro a Dezembro, em que tradicionalmente se jogavam os campeonatos regionais de rugby de XII passarão a ser jogados torneios de sevens.
O CDUL já apresentou a sua posição relativamente a esta questão e vem por este torná-la pública e abrir uma discussão mais alargada sobre esta proposta.
Muito a propósito a ARS vai realizar um seminário sobre "A importância do ensino do jogo de seven’s nos escalões de formação" ver mais em ARS
Caros amigos,
No seguimento da alteração da estrutura competitiva do escalão SUB 14 e dado o momento de crescimento que o Rugby em Portugal continua a apresentar, após avaliação da nossa capacidade de resposta e dos investimentos que temos feito ao nível da formação, com busca constante de informação e formação em mercados onde o Rugby é um desporto altamente evoluído e competitivo, avaliamos a proposta competitiva da ARS, tomando uma posição sobre o status quo actual.
A nossa posição pretende ser uma visão de evolução, reforçando a qualidade e melhorando o nível competitivo do rugby do CDUL em particular e de Portugal no geral, compensando a forte pressão e imposição do Rugby na variante de Sevens com a alternância da variante de XV, onde presumivelmente deveria ter existido uma consulta global aos clubes.
Entende-se a preocupação da FPR através da ARS em iniciar a procura desde idades mais jovens de jogadores para a variante de 7’s devido ao seu status olímpico. É defendido que a variante reduzida é benéfica para o desenvolvimento de skills fundamentais na idade dos praticantes deste escalão com o intuito de virem a transportar esse ganho para o Rugby de XV no escalão de S16. Também é defendido que nesta idade ainda não se sabe qual será a morfologia definitiva do miúdo, quando adulto. Em consequência desta politica, pretende-se abandonar o jogo de XII/XIII. Será a medida correcta?
• Positivo:
• Maiores distâncias a percorrer por indivíduo num curto espaço de tempo, o que se enquadra na janela de oportunidade da capacidade alactica, com uma maior probabilidade de ocorrer velocidade acima dos 20’’ contínuos. Será necessário um ataque individual num campo oficial inteiro com contra-ataque onde o mesmo jogador que atacou recupera pelo menos metade da distância, ou, num jogo com muitas fases de jogo (que raramente sucede neste escalão – ao final de 2 a 4 fases há uma paragem de jogo)
• Situações de 1 vs 1 e 2 vs 1 com muito espaço e tempo de decisão. Bom para a compreensão dessa situação, contudo é necessário verificar se ocorre uma efectiva adaptação de timings quando subirem de escalão (Rugby XV)
• Ocorrência de mais passes de maior distância. Bom, mas que com a metodologia de treino correcta, e, com a correcção do jogo de XII num campo encurtado para o jogo de XV num campo oficial, parece-me uma questão ultrapassável
• Consolidação do jogo a três no ruck. O que melhora o ruck defensivo mas prejudica ruck ofensivo (uma das maiores debilidades do Rugby Português – reciclagem de bola rápida, chave para o sucesso no jogo de XV)
• Sedimentação de um núcleo de atletas core que pode transportar uma dinâmica e um espírito positivo para o XV. Um aspecto que consideramos realmente positivo
• Necessidade de permanecer em altos níveis de concentração durante o jogo, dado a sua duração curta e exigência individual. Muito bom, desde que se consigamos transferir essa aprendizagem para o XV.
• Possibilidade de através deste core efectuar a detecção de talentos para XV, nomeadamente da 3.ª linha para trás. Através de métodos mais científicos ou mais especializados, o futebol já efectua esta detecção em idades inferiores a esta. O Rugby na NZ e na AS também o fazem.
Negativos:
• Rejeita os Gordos, os pequeninos, os desajeitados e os poucos maduros. Esta é uma das razões por que o Rugby se diferencia das demais modalidades e é nessa base que se construiu a modalidade em Portugal, apesar de nos últimos anos essa percentagem ter diminuído com a exposição que os lobos alcançaram
• A longo prazo retirará a entrada de receitas que suportam as estruturas semi-profissionais das Escolas/ Academias. Coloquemo-nos na pele do miúdo mais gordinho... algum de nós quererá jogar rugby pertencendo à equipa D do escalão?! Parece-nos incongruente. A longo prazo o esforço da ARS terá sido em vão - após um bom trabalho de divulgação, promoção e captação... indirectamente, a própria ARS através dos 7’s irá colocar entraves à participação dos mais forte e fisiologicamente evoluídos, porque não servem para a modalidade que nós lhes prometemos que teriam lugar
• Não permite consistência evolutiva. Quando já se detectou dificuldades evolutivas no salto de XII/XIII para XV, parece-me que o salto de 7’s para XV trará maiores dificuldades. Espacialmente até poderá ser vantajoso ou compensado, mas, a dinâmica das fases estáticas, da movimentação colectiva, da conquista territorial, as técnicas de combate colectivo em jogo aberto (unidade de placagem, rucks ofensivos, maul) a precepção da defesa média e defesa profunda, ou seja, toda a dinâmica colectiva do jogo de XV fica em causa.
• Relegação para segundo plano de um dos skills base primordiais para o sucesso na execução técnica da maioria das acções do jogo – a postura corporal (também conhecida por posição de combate). Naturalmente em 7’s a orientação e focalização do contacto estão dirigidos para a ‘âncora do ruck’ e para a placagem à bola, e não para gestões baseados em produção de força que sugerem a posição de combate’
• Abdicamos de dois anos na formação de potenciais jogadores avançados. Perde-se o momento onde se pode desenvolver a postura corporal e ensinar as ligações na FO (base para o trabalho colectivo do ruck, mas sobretudo do maul – área onde o rugby português tem muitas dificuldades), sequência de encaixe da FO, noção técnica e táctica da FO e do ALI, movimentação após a FO e ALI
• Retira base ao projecto Força 8 da FPR. Será incongruente iniciar um projecto de desenvolvimento e especialização dos avançados a partir dos S16, quando apenas se passará a ensinar os avançados nos S16
• A morfologia do indivíduo não estar definido nesta idade para se definir posições é um mito. Todos sabemos que qualquer miúdo nos S14 terminará a sua carreira numa de duas a três posições, em raras excepções tal não acontece. Aliás, cometem-se inúmeros erros de desenvolvimento de jogadores devido a essa desresponsabilização (veja-se a quantidade de 2.ªs linhas que deveriam ter sido treinados noutras posições em detrimento de outros que nunca seriam jogadores). Existem vários métodos, mais ou menos científicos, que nos permitem aferir de alguma forma a futura estrutura de determinados miúdos.
Questões:
A ARS tem capacidade para conseguir absorver a possível quantidade elevada de equipas nos torneios? O que estará pensado e preparado para comunicar aos pais e crianças que alimentam os clubes através do pagamento de inscrições e quotizações, pois existirão crianças que não terão qualquer “competição” durante a época. No nosso caso teremos aproximadamente 4/5 equipas quantas equipas irão inscrever outros clubes com o mesmo potencial como o Belenenses? A Agronomia? O Direito? E o Cascais?
Qual a forma mais fácil de um jogador se adaptar aos diferentes jogos? No sentido de XV para 7’s ou o inverso? Criando uma analogia com o que a maioria de nós conhece bem É mais fácil o pai tornar-se o filho ou o filho tornar-se o pai?
Qual é a competição internacional prevista para a variante de 7’s até aos S16? Não estaremos a tomar uma medida isolada inconsequente?
Assim com através do racional abaixo propomos alternar a variante de 7’s com XV, utilizando o sistema de fins-de-semana alternados.
Racional:
Tomando em consideração os positivos e negativos e sabendo da importância dos 7’s não só a nível formativo mas também o nível de exposição que permite alcançar com todos os prós que tal acarreta, e, partindo do principio que a ARS tem como sua politica desenvolver esta variante num sentido positivo de melhorar o nível técnico/táctico do escalão, bem como, a competição tornar-se apetecível para os clubes emergentes e para a criação de clubes novos.
Parece-nos que o que se tem a perder numa posição unilateral (7’s ou XV) poderá ser danoso.
No caso da unilateralidade do 7’s, refletir-se-á sobretudo nos clubes consolidados já existentes, que já possuem uma estrutura semi-profissional e que são os principais agentes da melhoria qualitativa dos praticantes da modalidade e os principais municiadores de jogadores de elite.
No caso da unilateralidade do XV, reflectir-se-á sobretudo nos clubes emergentes e na criação de clubes novos, sobretudo devido à dificuldade em captar a quantidade de praticantes necessária para o jogo de XV. Julgo que esta unilateralidade impedirá a pretendida expansão nacional da modalidade.
A bem do Rugby Nacional julgamos que devemos encontrar um meio-termo. Um que permita a participação de todos equilibradamente. Onde as equipas emergentes terão possibilidade de se exprimir e onde os clubes instituídos não percam a sua capacidade abrangedora e motora do desenvolvimento qualitativo da modalidade.
Assim, através de uma fórmula simples propomos/sugerimos que se efectuem fins-de-semana alternados com as duas variantes à razão de 2 de XV para 1 de 7’s.
Iniciando uma visão mais alargada! Futuristicamente, à semelhança do Futebol e do Futsal, poderemos ter assim em paralelo uma dupla competição a nível nacional.
Existe um novo mundo por explorar!
Contudo, parece-nos que é dever, se assim o entender, a FPR assumir esse caminho, contando claro com o apoio dos clubes.
Fernando Rodrigues Duarte – Director de Equipa CDUL Rugby
Paulo Murinello – Director Técnico Academia CDUL Rugby
O CDUL já apresentou a sua posição relativamente a esta questão e vem por este torná-la pública e abrir uma discussão mais alargada sobre esta proposta.
Muito a propósito a ARS vai realizar um seminário sobre "A importância do ensino do jogo de seven’s nos escalões de formação" ver mais em ARS
Caros amigos,
No seguimento da alteração da estrutura competitiva do escalão SUB 14 e dado o momento de crescimento que o Rugby em Portugal continua a apresentar, após avaliação da nossa capacidade de resposta e dos investimentos que temos feito ao nível da formação, com busca constante de informação e formação em mercados onde o Rugby é um desporto altamente evoluído e competitivo, avaliamos a proposta competitiva da ARS, tomando uma posição sobre o status quo actual.
A nossa posição pretende ser uma visão de evolução, reforçando a qualidade e melhorando o nível competitivo do rugby do CDUL em particular e de Portugal no geral, compensando a forte pressão e imposição do Rugby na variante de Sevens com a alternância da variante de XV, onde presumivelmente deveria ter existido uma consulta global aos clubes.
Entende-se a preocupação da FPR através da ARS em iniciar a procura desde idades mais jovens de jogadores para a variante de 7’s devido ao seu status olímpico. É defendido que a variante reduzida é benéfica para o desenvolvimento de skills fundamentais na idade dos praticantes deste escalão com o intuito de virem a transportar esse ganho para o Rugby de XV no escalão de S16. Também é defendido que nesta idade ainda não se sabe qual será a morfologia definitiva do miúdo, quando adulto. Em consequência desta politica, pretende-se abandonar o jogo de XII/XIII. Será a medida correcta?
• Positivo:
• Maiores distâncias a percorrer por indivíduo num curto espaço de tempo, o que se enquadra na janela de oportunidade da capacidade alactica, com uma maior probabilidade de ocorrer velocidade acima dos 20’’ contínuos. Será necessário um ataque individual num campo oficial inteiro com contra-ataque onde o mesmo jogador que atacou recupera pelo menos metade da distância, ou, num jogo com muitas fases de jogo (que raramente sucede neste escalão – ao final de 2 a 4 fases há uma paragem de jogo)
• Situações de 1 vs 1 e 2 vs 1 com muito espaço e tempo de decisão. Bom para a compreensão dessa situação, contudo é necessário verificar se ocorre uma efectiva adaptação de timings quando subirem de escalão (Rugby XV)
• Ocorrência de mais passes de maior distância. Bom, mas que com a metodologia de treino correcta, e, com a correcção do jogo de XII num campo encurtado para o jogo de XV num campo oficial, parece-me uma questão ultrapassável
• Consolidação do jogo a três no ruck. O que melhora o ruck defensivo mas prejudica ruck ofensivo (uma das maiores debilidades do Rugby Português – reciclagem de bola rápida, chave para o sucesso no jogo de XV)
• Sedimentação de um núcleo de atletas core que pode transportar uma dinâmica e um espírito positivo para o XV. Um aspecto que consideramos realmente positivo
• Necessidade de permanecer em altos níveis de concentração durante o jogo, dado a sua duração curta e exigência individual. Muito bom, desde que se consigamos transferir essa aprendizagem para o XV.
• Possibilidade de através deste core efectuar a detecção de talentos para XV, nomeadamente da 3.ª linha para trás. Através de métodos mais científicos ou mais especializados, o futebol já efectua esta detecção em idades inferiores a esta. O Rugby na NZ e na AS também o fazem.
Negativos:
• Rejeita os Gordos, os pequeninos, os desajeitados e os poucos maduros. Esta é uma das razões por que o Rugby se diferencia das demais modalidades e é nessa base que se construiu a modalidade em Portugal, apesar de nos últimos anos essa percentagem ter diminuído com a exposição que os lobos alcançaram
• A longo prazo retirará a entrada de receitas que suportam as estruturas semi-profissionais das Escolas/ Academias. Coloquemo-nos na pele do miúdo mais gordinho... algum de nós quererá jogar rugby pertencendo à equipa D do escalão?! Parece-nos incongruente. A longo prazo o esforço da ARS terá sido em vão - após um bom trabalho de divulgação, promoção e captação... indirectamente, a própria ARS através dos 7’s irá colocar entraves à participação dos mais forte e fisiologicamente evoluídos, porque não servem para a modalidade que nós lhes prometemos que teriam lugar
• Não permite consistência evolutiva. Quando já se detectou dificuldades evolutivas no salto de XII/XIII para XV, parece-me que o salto de 7’s para XV trará maiores dificuldades. Espacialmente até poderá ser vantajoso ou compensado, mas, a dinâmica das fases estáticas, da movimentação colectiva, da conquista territorial, as técnicas de combate colectivo em jogo aberto (unidade de placagem, rucks ofensivos, maul) a precepção da defesa média e defesa profunda, ou seja, toda a dinâmica colectiva do jogo de XV fica em causa.
• Relegação para segundo plano de um dos skills base primordiais para o sucesso na execução técnica da maioria das acções do jogo – a postura corporal (também conhecida por posição de combate). Naturalmente em 7’s a orientação e focalização do contacto estão dirigidos para a ‘âncora do ruck’ e para a placagem à bola, e não para gestões baseados em produção de força que sugerem a posição de combate’
• Abdicamos de dois anos na formação de potenciais jogadores avançados. Perde-se o momento onde se pode desenvolver a postura corporal e ensinar as ligações na FO (base para o trabalho colectivo do ruck, mas sobretudo do maul – área onde o rugby português tem muitas dificuldades), sequência de encaixe da FO, noção técnica e táctica da FO e do ALI, movimentação após a FO e ALI
• Retira base ao projecto Força 8 da FPR. Será incongruente iniciar um projecto de desenvolvimento e especialização dos avançados a partir dos S16, quando apenas se passará a ensinar os avançados nos S16
• A morfologia do indivíduo não estar definido nesta idade para se definir posições é um mito. Todos sabemos que qualquer miúdo nos S14 terminará a sua carreira numa de duas a três posições, em raras excepções tal não acontece. Aliás, cometem-se inúmeros erros de desenvolvimento de jogadores devido a essa desresponsabilização (veja-se a quantidade de 2.ªs linhas que deveriam ter sido treinados noutras posições em detrimento de outros que nunca seriam jogadores). Existem vários métodos, mais ou menos científicos, que nos permitem aferir de alguma forma a futura estrutura de determinados miúdos.
Questões:
A ARS tem capacidade para conseguir absorver a possível quantidade elevada de equipas nos torneios? O que estará pensado e preparado para comunicar aos pais e crianças que alimentam os clubes através do pagamento de inscrições e quotizações, pois existirão crianças que não terão qualquer “competição” durante a época. No nosso caso teremos aproximadamente 4/5 equipas quantas equipas irão inscrever outros clubes com o mesmo potencial como o Belenenses? A Agronomia? O Direito? E o Cascais?
Qual a forma mais fácil de um jogador se adaptar aos diferentes jogos? No sentido de XV para 7’s ou o inverso? Criando uma analogia com o que a maioria de nós conhece bem É mais fácil o pai tornar-se o filho ou o filho tornar-se o pai?
Qual é a competição internacional prevista para a variante de 7’s até aos S16? Não estaremos a tomar uma medida isolada inconsequente?
Assim com através do racional abaixo propomos alternar a variante de 7’s com XV, utilizando o sistema de fins-de-semana alternados.
Racional:
Tomando em consideração os positivos e negativos e sabendo da importância dos 7’s não só a nível formativo mas também o nível de exposição que permite alcançar com todos os prós que tal acarreta, e, partindo do principio que a ARS tem como sua politica desenvolver esta variante num sentido positivo de melhorar o nível técnico/táctico do escalão, bem como, a competição tornar-se apetecível para os clubes emergentes e para a criação de clubes novos.
Parece-nos que o que se tem a perder numa posição unilateral (7’s ou XV) poderá ser danoso.
No caso da unilateralidade do 7’s, refletir-se-á sobretudo nos clubes consolidados já existentes, que já possuem uma estrutura semi-profissional e que são os principais agentes da melhoria qualitativa dos praticantes da modalidade e os principais municiadores de jogadores de elite.
No caso da unilateralidade do XV, reflectir-se-á sobretudo nos clubes emergentes e na criação de clubes novos, sobretudo devido à dificuldade em captar a quantidade de praticantes necessária para o jogo de XV. Julgo que esta unilateralidade impedirá a pretendida expansão nacional da modalidade.
A bem do Rugby Nacional julgamos que devemos encontrar um meio-termo. Um que permita a participação de todos equilibradamente. Onde as equipas emergentes terão possibilidade de se exprimir e onde os clubes instituídos não percam a sua capacidade abrangedora e motora do desenvolvimento qualitativo da modalidade.
Assim, através de uma fórmula simples propomos/sugerimos que se efectuem fins-de-semana alternados com as duas variantes à razão de 2 de XV para 1 de 7’s.
Iniciando uma visão mais alargada! Futuristicamente, à semelhança do Futebol e do Futsal, poderemos ter assim em paralelo uma dupla competição a nível nacional.
Existe um novo mundo por explorar!
Contudo, parece-nos que é dever, se assim o entender, a FPR assumir esse caminho, contando claro com o apoio dos clubes.
Fernando Rodrigues Duarte – Director de Equipa CDUL Rugby
Paulo Murinello – Director Técnico Academia CDUL Rugby
5 comentários:
O rugby é ecola de vida... é o desporto que, ao longo da história, integra o maior leque de tipo de individuos, desde o gordo ao magrinho, desde o alto ao baixinho, desde o jeitoso ao persistente e lutador. Tem sido, e muito bem, um espaço de formação de homens da nossa sociedade, o cerne de grande amizades e um jogo onde cada um aprende a lidar com as sua limitações e a aproveitar as suas virtudes. Tornar o rugby numa modalidade onde só a pseudo-competividade conta; Onde a vitória se sobrepõe a tudo; onde as análises enfeitadas em documentos muito bem elaborados e sob nomes muito coloridos começam a ser a norma, será desperdiçarmos tudo o que ao longo de muitos anos se construiu. Os 7´s são, sem duvida, uma modalidade que tem sido utilizada pela IRB para a divulgação da modalidade. Mas, bem vistas as coisas, só beneficia uma parte muito restrita de pessoas (uns poucos managers, uns pouco treinadors - lembro o treinador de França que, apesar dos péssimos resultados, se mantém há uma decada, um numero restrito de jogadores). Sendo verdade que, em termos de apoios significativos para a modalidade nos respectivos países não tem tido qualquer resultado significado. Só assim se justifica que o Quénia (residente no circuito Mundial) e mesmo Portugal (participante em muitas etapas e campeão europeu), não tenha nenhum reconhecimento significativo pelos resultados obtidos. Os sevens é uma modalidade "brincadeira" que serve como instrumento de marketing para a IRB. Nunca passará disso.... Os bons jogadores acabarão sempre no 15. E é o 15 que movimenta, de facto, pessoas e dinheiro (porque é um desporto muito mais interessante, complexo. O rugby de 15 é a boa musica, bem estruturada. o 7´s é a musica Pimba que, embora fácil de ouvir e passar entre as massas, proporcionando momentos de divertimento, acaba por fartar e tornar-se desinteressante). E é no 15 que se desenvolve aquilo que é mais importante e tanto tem distinguido o Rugby: o seu ESPIRITO. Naturalmente que defendo que nos devemos preocupar com os 7´s... até porque, naturalmente, temos mais facilidade em alcançarmos bons resultados nesta modalidade. Mas prevalecer esta modalidade especifica sobre o 15 será sempre uma enorme asneira e, a médio longo prazo, o rugby acabaria de ter a imagem que tem no sociedade (e que, no fundo, é a grande razão porque os nossos patrocinadores nos apoiam), para ser associado a uma modalidade de um conjunto de profissionais vaidosos e egoistas, preocupados com os seus cabelos, tatuagens e formas de festejar os ensaios (em vez de reconhecerem que o mesmo é fruto de um trabalho de equipa), vazio dos verdadeiros principios que nos trouxeram até hoje. Esta é a minha opinião apaixonada sobre a questão e que, naturalmente, resulta numa oposição frontal à medida proposta que me parece claramente redical e obtusa. Porque não consiliar torneios do rugby normal com mini torneios de 7´s. Dá para tudo, sem necessidade de readicalismos (parece-me bem, assim, a proposta do CDUL). E para que não haja a ideia de que os 7´s só se conseguem bons resultados com a "especialização" relembro a todos que foi com jogadores 100% amadores, vindos do 15, que óbtivemos a melhor Classificação num Mundial da Modalidade. E foi com esse mesmo tipo de jogadores que conquistámos os primeiros 5 Europeus, que vencemos torneios internacionais como o Madrid Sevens (frente a escódia, irlanda, franças, etc.), ganhámos uma final épica a SAMOA (apetrechada dos seus melhores jogadores) no lisboa 7´s e muito mais. Um abraço a todos e nunca se esqueçam: Jogar para ganhar – mas não a qualquer preço. Ganhar com dignidade, perder com elegância. Mas, acima de tudo, desfrutar das coisas boas que o rugby nos pode trazer.... Miguel POrtela
Obrigado MIguel Portela pelo teu apoio e pela forma assertiva comos escreves-te.
Precisamos de homens como tu para elevar o Rugby em Portugal.
Um Abraço forte.
Fernando Rodrigues Duarte
Fomos uma modalidade que na década de 70/80 iniciámos o desporto na variante reduzida. Na altura víamos o futebol a ser jogado com 11 jogadores em campo inteiro, com miudos a correrem 100 metros sem tocar na bola. Com o rugby reduzido, que não o seven´s conseguimos a nivel nacional criar inumeros clubes com equipas constituidas por 8 (os defensores do método francês) ou com 9 (os defensores do método inglês). Recordo no caso especifico da Lousã, que por não termos 15 atletas consegui fazer ao fim de 8 anos uma equipa senior. Dos miudos que até aos 16 anos só faziam rugby reduzido, sairam inumeros internacionais de rugby de 15 (João Simões, José Galvão, Pedro Curvelo e muitos outros em selecções regionais.)
Não podemos confundir rugby reduzido, com rugby de sete. Enquanto no rugby reduzido se joga em espaço reduzido para que todos possam jogar (pequenos, altos, gordos, etc.) no rugby de sete, os gordos serão nitidamente marginalizados, com a agravante que naquelas idade ainda não se sabe qual será a morfologia futura do atleta.
Por ultimo e para não vos maçar desejo dizer-vos porque o afirmei muitas vezes:
Quando o futebol descobrir o futebol reduzido vai "explodir". É o que agora sucede com o futebol a ser jogado a 7 em terreno proporcional ao tamanho do miudos e com os clubes a terem equipas A,B,C, etc. Só na Lousã qualquer dos escalões até sub-12 têm duas e 3 equipas. Por isso digop SIM ao rugby reduzido até Sub-14 e NÃO aos Seven´s nessas idades.
Muito mais haveria a dizer.
José Redondo
XV ou 7s: É um pensamento que nos acompanha e nos assustam a todos, os que se preocupam com a formação de jogadores. A FORMAÇÃO de jogadores em Homens, como diz o Miguel!
Bom, se essa decisão da ARS já é facto, o que sugeriria a todos os clubes, incluindo o meu GDD, é que se faça como na Argentina: paralelamente aos 7s, tem semrep um 7s "de los gordos". Para este trimestre, poderá se tentar, para ver se é interessante, no desenvolvimento individual de cada um desses potenciais futuros primeira linhas. Apenas uma sugestão, que poderá não funcionar...
Desde a Bahia, o que lhes posso passar sobre a experiência de introdução do Rugby, desde há 4 anos para cá, é que a introdução do Rugby pelo 7s é MUITO mais fácil, mas hoje só tenho super atletas da 2a linha para trás (aqui os "negões" de 2m também correm muito, e conseguem jogar 7s).
Ou seja, onde há 4 anos não se sabia sequer o que era essa palavra "Rugby", hoje somos um berço de 7s. Não sei qual o futuro, mas jogando com outros times do Nordeste (com mais 3 ou 6 meses de Rugby), só precisamos de pôr alguém na primeira linha (mesmo que sejam 2as mais lentos), mas dominamos o jogo com alguma facilidade. pois evoluimos muito mais (na verdade, conseguimos jogar MUITOS mais jogos em 4 anos, ainda que de 7s).
Acho curiosa a insistência na questão dos "gordos", e que me desculpem os meus amigos, mas isso não passa de conversa!
Parece-me que estão a misturar desporto para todos, com desporto de campeões.
Ou seja, na verdade nas seleções de 7's não há gordos!
E então nas seleções de XV? Quantos gordos há? Ou quantos dos internacionais não podem jogar 7's?
Só quem não vê rugby pode querer lançar esta separação = 7's para atletas, xv para todos - gordos incluídos!!
É natural que às seleções só cheguem os melhores, os mais bem preparados, os mais atletas. Mas e então no rugby dos clubes, das escolas? Será que os gordos e os baixos não vão poder jogar?
Se quem faz esta separação assistir a alguns torneiso por esse mundo fora - torneios de clube, de escola - facilmente verificará que todos jogam 7's, como todos jogam xv.
Acabem de uma vez com essa conversa e tratem de entender que só temos uma marca, com dois produtos de consumo geral.
Claro que se estamos preocupados com as seleções, então estamos a ver mal o problema, seja em 7's ou em XV.
Quanto mais vejo a utilização de argumentos pseudo científicos para atacar os 7's, mais me convenço que o trabalho no rugby de xv não foi feito! E agora, quem não fez esse trabalho, quer que ninguém o faça utilizando os sevens.
Por favor, não tratem mal os gordos! Eles podem, devem e vão jogar 7's, como os magros irão também.
Mais tarde, quando o seu corpo e a sua cabeça estiverem formados, poderão escolher se querem jogar um, o outro, ou os dois.
Até fico envergonhado com essa história do gordo, do magrinho, do alto, do baixinho, do jeitoso, do persistente e do lutador.
Faz lembrar a venda da banha da cobra!
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