quarta-feira, março 21, 2007

Entrevista de Daniel Hourcade, técnico de Portugal ao Rugby Fun.

Daniel Hourcade era em 2004 um dos treinadores de Sevens dos Pumas, veio para Portugal em Setembro desse ano, a convite do Direito para treinar a sua equipa de Sevens. Em Outubro já estava a treinar o XV do Direito. Rapidamente foi chamado para treinar os Sevens de Portugal e para ajudar Tomaz Morais no XV de Portugal, para além de continuar a treinar o Direito.

Hourcade tem muitas saudades da sua terra e da família que está em Tucumán, mas em Portugal faz o que gosta e há muito para fazer. "Em Portugal 99% do desporto é futebol. O rugby é um desporto mais conhecido da classe média-alta e está muito mal divulgado. Portugal tem 2.500 jogadores, tal como tinha há 20 anos. Os jogadores entram e saem sem que haja crescimento, mas agora Tomaz Morais começou a trabalhar os escalões de formação, as coisas vão mudar. O jogador portugês é muito parecido com o argentino: hábil e com muita raça.

A classificação para o Mundial traria de imediato uma enorme ajuda económica da IRB pela participação no Mundial. Existe uma grande expectativa e os apoios governamentais começam a aparecer e que nos vão permitir criar infra-estruturas muito importantes para o desenvolvimento do rugby em Portugal.

Portugal está a um passo de cometer uma proeza: classificar-se pela primeira vez para um Mundial de Rugby. Para ter êxito não pode deixar o Uruguai ganhe por mais de 6 pontos. Para estarmos totalmente concentrados Portugal fez a sua base na Argentina.

A viagem foi terrível, mais de 24 horas de voos e chegada às 5 horas da manhã, foi esgotante. Logo á partida o avião teve problemas e tivemos de voltara a aterrar em Lisboa, esperar mais hora e meia para voltar a embarcar. No Rio de Janeiro o voo para Buenos Aires teve mais um atraso de 3 horas e meia.

Estes dias de concentração são muito importantes, pois o rugby em Portugal é amador, e muitas vezes não podemos contar com todos os jogadores por causa dos estudos e do trabalho. Desta forma, estão todos juntos e podemos preparar melhor o jogo.

Resolvemos vir primeiro à Argentina, porque com os uruguaios temos uma “ondita especial”, e na Argentina existem muito boas infra-estruturas para a prática do rugby. Montevideu não tem as mesmas condições, e mais: a vida na Argentina é mais barata, e sentimo-nos bem, ainda em Setembro cá estivemos em digressão.

O Uruguai tem um rugby duro, que fica mais forte com a vinda dos jogadores que estão no campeonato TOP 14 francês. Têm um pack sólida que ganha bem as bolas. Com os uruguaios ganhamos e perdemos, mas esta equipa com estes jogadores é diferente. Sábado vai ser um choque de estilos. Com a posse de bola somos superiores, mas há que a ganhar…"

Em Setembro de 2007 vais estar em França ou em Portugal?

"Nem quero pensar. Estamos tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Como diria Mostaza Merlo, vamos dar um passo de cada vez. Estamos conscientes de que se não nos classificarmos tudo o que já conseguimos vai ser desvalorizado, é assim o desporto, de qualquer forma o que alcançámos é incrível. Estar em França seria um sonho que este plantel merece."

12 comentários:

Anónimo disse...

quanto ficaria um nova zelandia-potugal caso ficassemos apurados?? 200-0?? apresar disso era de facto o maior marco e um grande passo para o rugby portugues.

Anónimo disse...

porque e que o jogo do cdul B e as 10 horas da manha?

Anónimo disse...

também íamos levar alguns 200 das Fiji e qt e q ficou???

salvo erro 26-17, batalhámo nos com raça e de igual para igual.

miguel rodrigues disse...

Também não acredito nos 200-0, mas o jogo contra a Itália mostrou-nos uma realidade muito dura. Pode dizer-se que já sabiamos que iamos perder e portanto não deram o máximo para não lesionar jogadores (não acredito!), e que o inicio do jogo foi esmagador e enfraqeceu psicologicamente a nossa equipa que mão foi capaz de encontrar forças anímicas para reagir. Foi muito duro para eles e para nós, aqueles que têm uma enorme fé neste grupo de trabalho.

Se lá chegarmos, a Nova Zelândia vai não vai facilitar nada, mas os nossos jogadores vão fazer o jogo da vida deles. Não vai ser o brilharete que foi com as Fiji, era um jogo a feijões e sem vários titulares fijianos, mas também não vai ser só os neo-zelandeses a jogarem.

Mas realisticamente se conseguirmos impedi-los de ultrapassarem os dois digitos, acho que é uma boa prestação, ao fim e ao cabo estamos a falar de super atletas, altamente profissionalizados e muito bem pagos contra amadores, com super coração e hiper coragem.

Anónimo disse...

De facto!
Só de estar no mesmo campo que os NZ's a ouvir um Haka directamente dirigido a nós nem consigo pensar no que será...nem que perdesse por 200 só pela experiencia de um Mundial já vinha de lá aos pulos de alegria! eheh! Esperemos que no Sabado tudo corra bem...é sinal que vou a França comprar uns "souvenirs" e ver um grande jogão ;D

Anónimo disse...

Será que ainda continuamos a acreditar q os gajos q tão na selecção nao são profissionais?? o que consideram profissionais? é q se é profissionais, a maior parte ganha nos seus clubes... e dp há a guita que a federação dá aos jogadores, que não é pouca..

miguel rodrigues disse...

Eles profissionais são, mas é em espírito, em entrega e noutras profissões.

Daquele lote que vivam do rugby devem ser o Diogo Mateus (que está a estudar em simultâneo), o Gonçalo Uva, o David Penalva, o André Silva (?) e o luso argentinos Juan Severino.

Anónimo disse...

e desculpa la mas o que faz o pipoca?

Anónimo disse...

Miguel,

Acrescento o Cristian Spachuk, que actua na selecção mas que está ausente devido à operação a que foi sujeito.

Diria que há mais jogadores que, não vivendo do Rugby, ganham dinheiro no Rugby. Ganham nos clubes para jogar ou para treinar miúdos... Mas ganham.

A conversa de sermos amadores é uma meia-verdade. Há os profissionais que jogam lá fora e há alguns semi-profissionais que jogam cá dentro.

Os que referiu são os casos mais evidentes, mas questiono-me acerca de outros jogadores.

Ainda sobre esta questão dos profissionais vs. amadores, tenho a dizer que não estou nada de acordo com a constante observação de que poderemos vir a ser a 1ª selecção amadora a chegar a uma fase final do campeonato do mundo.

Em primeiro lugar porque nos considero antes semi-profissionais... ou semi-amadores se preferirem.

Depois porque equipas houve no passado que estiveram no mundial, e que não eram profissionais (ex. Costa do Marfim e Espanha).

Um abraço
RV

miguel rodrigues disse...

Rui,

O profissionalismo obviamente não se resume aos rendimentos dos jogadores. Passa obrigatoriamente pelas condições de trabalho em todas as suas vertentes.

Mas as quantias que ganham os jogadores que treinam escalões jovens dos clubes, não dá para viverem do rugby, sobrevivem, ou complementam o que já ganham noutros lados. Não sei se podemos considerar isto semi-profissionalismo ou semi-amadorismo.

O facto de estarmos sempre a apregoar que somos uma equipa amadora, deve fazer parte de uma estratégia para chamar a atenção para a nossa realidade, que é realmente amadora, como é no Uruguai e em Marrocos.

Espero sinceramente que Portugal nos traga uma enorme alegria que ajude o rugby em português a sair desta letargia em que está mergulhado.

Um abraço

Anónimo disse...

Os jogadores profissionais são o Diogo Mateus e o Gonçalo Uva(apesar de ambos continuarem a estudar).

O A. Silva e o Penalva oficialmente são amadores mas recebem ordenados em França por jogarem rugby. O mesmo se passa com o Severino e o Spachuk em Portugal. Estes quatro devem ser considerados semi-profissinais.

E os outros? Conheço 3 situações.

1ª Jogadores que pagam para jogar ou que não pagam mas tb não recebem nada;

2ª Jogadores que recebem quantias ridículas (50, 100,150 euros por mês), ou seja pequenos subsídios para deslocações e alimentação; chamar a estes semi-amadores ou semi-profissionais não faz sentido nenhum;

3ª Jogadores que recebem porque treinam equipas do seu clube; recebem como treinadores e não como jogadores; tb a estes não faz sentido chamar-lhes qq outra coisa que não seja jogadores amadores (podem é ser treinadores semi-profissionais).

Mas há quem diga que há outros jogadores da selecção, para além do Spachuk e do Severino, que em Portugal, na sua qualidade de jogadores, recebem quantias que não são completamente simbólicas. Há? Então diga-se quem são. Não vejo mal nisso, desde que não se entre em loucuras (no nosso rugby, mais de 400 euros/mês já me parece uma loucura, tendo em conta as escassíssimas receitas) e tudo seja transparente.

PS: dizer q se a nossa selecção se qualificar será a 1ª selecção amadorea a fazê-o é de facto 1 completo disparate. Uma pessoa com as grandes qualidades do T. Morais não precisa de dizer isso, até pq mais cedo ou mais tarde vai ser desmentido no estrangeiro e era escusado.

Mas vamos ao que interessa:

FORÇA LOBOS!

Anónimo disse...

Mas quem o diz não é o prof. Tomaz Morais, técnico de créditos firmandos... Quem o diz é a comunicação social, certamente com o intuito de valorizar a nossa equipa.

Sobre os profissionais:

Estamos de acordo que Diogo Mateus e Gonçalo Uva são os mais profissionais de todos. Recebem dinheiro para jogar em competições 100% profissionais (Top-14 e Magners League). O facto de estudarem não lhes retira estatuto de profissionais. Muitos atletas 100% profissionais estudam, tal como muitos profissionais de várias áreas continuam as suas carreiras académicas.

Sobre os jogadores ditos semi-profissionais: não me vou referir ao Penalva e ao A.Silva pois de facto não conheço as situações. Agora não me digam que os luso-argentinos não são profissionais. São sim senhor!

Se têm ou não um contrato de jogador profissional, essa é outra conversa. Muito interessante, por sinal. Agora, eles de facto são jogadores profissionais.

Não conheço os seus vencimentos, mas acredite que 400 euros por mês ficam muito aquém do que recebem. E já nem sequer acrescento outros benefícios, como o alojamento e afins (carro, etc...).

No que diz respeito aos portugueses de Portugal, há de facto várias situações. Dos 100% amadores aos 100% semi-profissionais.

Os jogadores que recebem da parte dos clubes para treinar escolinhas têm um estatuto muito particular. É que se por um lado eles recebem uma remuneração ou retribuição face a um serviço prestado, também é verdade que essa é uma forma dos clubes lhes pagarem alguma coisa e os incentivarem a jogar.

Há ainda um grupo de jogadores que recebem da parte da FPR ajudas e compensações, o que me parece 100% justo, e não os torna profissionais. É um facto.

Um abraço a todos
Rui Vasco Silva

FORÇA LOBOS!